O lendário Mark Farner (um dos maiores nomes do classic rock de todos os tempos, famoso por ter integrado um dos maiores dinossauros da história, o Grand Funk Railroad) finalmente veio ao Brasil em sua “Loco-motion Tour”. Misturando rock, funk, southern, blues, entre outros estilos, o Grand Funk pode ser considerado muito mais influente que a maioria das bandas consideradas como “criadoras desses estilos” – uma pena que hoje tenha sido deixada de lado pela grande mídia – já que passeava por entre eles com uma intimidade pouco vista até hoje.
Graças à logística das casas e o horário diferenciado pude conferir a apresentação de Zak Stevens e correr para o Via Marquês para conferir o show do mito americano.
O clima entre os fãs era muito bom, já que você podia encontrar pessoas de todas as idades. De garotos de 16 anos até senhores de 60 ou mais, o que prova que o rock sempre será atemporal, com todos unidos pela boa música afins de se divertirem!
E isso, Mark Farner e sua banda davam como garantia, pois tinham bastante “bala na agulha”!
Acompanhado por Lawrence Buchner (baixo e backing vocals), The H. Bomb Crawford (bateria) e Karl Prospt (telcados e percussão), o guitar hero Mark Farner mostrou que é capaz de desbancar muitas bandas novas por aí, do alto de seus quase70 anos.
No dia anterior ao show, numa entrevista concedida a uma rádio, Farner disse que o set seria 98% de Grand Funk Railroad, segundo ele, “o que os fãs querem ouvir” – ainda bem que ele mentiu, pois o set foi totalmente de GFR!!!
É bem verdade que sua fama vem de sua antiga banda, e por mais que ele seja um monstro na guitarra, que todos amem seus vocais, seus discos pós GFR alternem entre excelente e razoável, sua carreira solo nunca decolou de fato...
Na década de 80, já longe do Grand Funk, Farner virou pastor evangélico e desde então, segue os princípios da religião – alguns de seus discos solo vão nessa direção. Mas sem se mostrar fanático (ou chato ao extremo!) ele provou que sua veia rock n roll ainda fala mais alto e assim, realizou o sonho de muita gente.
Pontualmente às 22h, Mark Farner e sua banda entraram em cena, e com um breve “Vocês estão prontos, São Paulo?”, botaram pra quebrar ao som de Are You Ready, clássico do primeiro álbum do Grand Funk, On Time de 1969. Público em catarse, ele foi despejando pérolas como Rock & Roll Soul (Phoenix, 1972), Footstompin’ Music (E Pluribus Funk, 1971), We’re An American Band (We’re An American Band, 1973), Mr. Limousine Driver (The Red Album, 1970), diante de olhares incrédulos! – sim, os fãs pareciam não acreditar de estarem de frente com alguém que esperaram tanto tempo.
E Mark Farner conservou sua performance intacta! Se ele não tem mais tantos cabelos e traz várias rugas em sua face, por outro lado, anda canta muito bem, sola como se fosse um menino e esbanja folego correndo pelo palco como um adolescente! Ele brincou com a galera sem esboçar cansaço, provando que ainda ama o que faz.
Sua banda é um absurdo de boa! E o melhor de tudo é que tocam com um sorrisão de orelha a orelha, talvez até um soco na cara dessa molecada de agora, cheia de estrelismos – se liguem! Um show de simpatia e forma física!
O show ia ficando cada vez mais quente com Paranoid (The Red Album, 1970), Mean Mistreater (Closer To Home, 1970), Shinin’ On (Shinin’ On, 1974), Sin’s Good Man’s Brother (Closer To Home, 1970), Bad Time (All The Girls In The World Beware, 1975), The Loco-Motion (Shinin’ On, 1974), Some Kind Of Wonderful (All The Girls In The World Beware, 1975), Heartbreaker (On Time, 1969), até chegar no BIS.
Breves minutos de descanso, e eles retornam com Inside Looking Out (The Red Album, 1970) e I’m Your Captain (Closer To Home, 1970), colocando fim a uma apresentação que de tão boa, parece ter passado diante de nossos olhos como se fossem segundos – deixando aquela vontade de mais e mais.
A verdade é que em meio a tantos shows fracos, quando você se depara com um mestre como Mark Farner, você se dá conta de que o rock é muito mais empolgante do que aquilo que tentam empurrar em nossas cabeças!
Que ele não demore mais tanto tempo para nos visitar, pois se o termômetro tiver sido os fãs, ele não virá apenas uma, mas várias outras vezes!
Fonte - Rock Brigade
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