“Free love is neither” - Sandro Baggio
Encontrei a frase acima meses atrás quando estava lendo U2′s Achtung Baby: Meditations on Love in the Shadow of the Fall de Stephen Catanzarite. O livro é uma análise das letras e música desse álbum fantástico lançado em novembro de 1991 (Achtung Baby é meu CD favorito do U2).
A geração hippie das décadas de 1960 e início de 1970 sonhou com o amor livre (revolução sexual). A expressão desse sonho estava nos relacionamentos casuais, desinteressados, sem compromisso ou apego que prometiam uma sociedade mais feliz e saudável, libertando as pessoas do peso da culpa, dando-lhes a liberdade para experimentar antes de se comprometer. Os resultados décadas depois parecem ter tornado o sonho em pesadelo. O mundo pós-revolução pelo amor livre não é mais feliz nem mais saudável. Pelo contrário, o que presenciamos são índices cada vez maiores de DSTs, depressão, ansiedade, filhos ilegítimos e divórcios (mesmo depois de tanta tentativa antes de se casar, parece que os casais de hoje estão acertando muito menos do que aqueles que não fizeram tentativa alguma). Como disse Catanzarite,“o amor livre não é nem amor nem livre.”
Enquanto refletia sobre isso, imaginei se os seguidores de Cristo hoje não estão sonhando com uma vida cristã que é semelhante ao sonhohippie do amor livre. Ou seja, uma vida cristã sem compromisso algum. Do mesmo modo que a geração do amor livre deseja sexo sem casamento, muitos seguidores de Cristo hoje em dia aparentam estar desejando as bênçãos de Deus sem compromisso de uma vida com Deus, sem o compromisso de submissão e obediência, sem o compromisso de mutualidade e prestação de contas. Fico pensando se tantos textos e comentários que colocam a graça de Deus quase como uma desculpa para se viver de maneira descompromissada não levarão muitos a uma verdadeira des-graça espiritual. O chamado ao discipulado feito por Jesus requer compromisso radical (negar a si mesmo… tomar a cruz… não voltar atrás). Jesus disse: “Quem tem os meus mandamentos e lhes obedece, esse é o que me ama.”
Amor não tem nada a ver com mandamentos e obediência… ou será que tem? Amar a Jesus de verdade envolve um compromisso com Ele e com o que Ele disse (Sua Palavra). E para que não haja dúvidas, isso envolve obediência (algo que os discípulos pós-modernos parecem não gostar muito – é só citar o termo obediência que já surgem objeções e acusações de legalismo, institucionalismo, autoritarismo, manipulação, hipocrisia… parece até papo dos hippies justificando suas atitudes “contra o sistema” na década de 1960). Como disse Bonhoeffer: “A resposta ao discipulado não é uma confissão oral da fé em Jesus, mas sim um ato de obediência.” O fato é que assim como amor livre não é amor nem livre, discípulo cristão sem compromisso não é nem discípulo nem cristão.
Creio que os hippies estavam procurando boas coisas, mas buscaram de maneira errada. Do mesmo modo, creio que essa geração de pessoas que está buscando mais de Jesus e menos de religião, está procurando uma boa coisa. Minha esperança é que ela não cometa o erro da geração free love.
Fonte : Sandro Baggio
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